Motores parados
Os dois motores de crescimento do país estão parados: o consumo interno está bloqueado pelo super endividamento dos lares, ligado à progressão do crédito na última década; a venda de matérias-primas, que representam 60% das exportações, foi afetada pela crise na China e pelo contra-choque do petróleo. Além disso, o sistema previdenciário corre o risco de implodir.
Segundo a revista, o país representa todas as piores características dos emergentes: competitividade degredada, exposição à desaceleração da economia chinesa; forte dependência da renda de hidrocarburantes; dívida externa elevada; duplo déficit estrutural da balança corrente e das contas correntes.
Dilma procura atribuir a catástrofe a causas conjunturais. Mas a Le Point diz que elas são apenas reveladoras dos profundos desequilíbrios que minam o país: estagnação da produtividade do trabalho, cujo custo aumentou em 150% em dez anos; déficit crônico de investimentos (18% do PIB contra 31% na Índia); fraqueza da concorrência indissociável de um protecionismo endêmico; indigência dos serviços públicos, corte dos gastos sociais; fraqueza do Estado, que se traduz em uma corrupção sistemática e um aumento da violência (alta de 10% dos homicídios).
A revista diz que as causas da crise são internas e acrescenta que Dilma não tem nem a vontade nem a legitimidade para interromper a espiral infernal na qual a demagogia meteu o seu país. Sua saída do governo é um requisito à recuperação do Brasil. E finaliza afirmando: quanto mais cedo melhor.
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